Dr. Francisco das
Chagas - Diretor Presidente
A trajetória do SUVAG RN, relato
com muito amor, esperança e
perseverança, com as benções de
Deus.
Tudo começou quando foi
diagnosticada uma surdez severa
na minha filha Mônica.
Encaminhada
pela otorrino Dra. Joaquina
Fernandes a ir a São Paulo para
que fosse submetida a um exame
auditivo com mais precisão, feito
na época com anestesia geral no
Hospital das Clínicas.
Foi muito
doloroso saber o diagnóstico e
o tratamento indicado, pois aqui
em Natal não contávamos com um
centro de reabilitação auditiva.
Mônica deveria usar aparelhos
auditivos nos dois ouvidos e fazer
reabilitação com fonoaudióloga.
Em São Paulo, o médico japonês
Ossamu Butugan disse: "sua filha
tem uma surdez profunda". Comecei
a procurar outras pessoas aqui que
tivesse o mesmo problema.
Descobri
um centro de reabilitação em Brasília
e pensei até em me mudar de Natal
para que minha filha se submetesse
ao tratamento.
Na época, em 1976,
aqui em Natal não havia um centro
especializado para reabilitação de
deficientes auditivos. Foi quando alguém
me falou que em Recife havia
um centro SUVAG. Eu comecei a frequentar
duas vezes por mês.
Nessa época, Concília Maria
Araújo de Britto, mãe de uma criança
surda, também descobriu o problema
de sua filha, Cristtiane. Foi quando
a reabilitadora do SUVAG de Recife
sugeriu que fundássemos um centro
aqui em Natal.
Eu falei com o meu
colega, Dr. Antonio Luiz de Medeiros,
que intermediou uma visita a
sua cunhada e Primeira Dama do
Estado na época, Profa. Wilma de Faria.
Quando apresentei a idéia ela
disse: "Pode começar que darei todo
o apoio necessário". O pessoal de
lá prometeu emprestar alguns aparelhos
que a metodologia usa para
que implantássemos em Natal.
No
momento em que decidimos abrir o
centro começamos a contar com a colaboração de muitas pessoas.
Formamos o grupo e fomos estruturando
a instituição. Iniciamos
o trabalho, capacitando as primeiras
pessoas da equipe.
Começamos com
dez crianças, formamos a diretoria,
com a grande ajuda do advogado Hélio
Vasconcelos que nos orientou na
parte burocrática para a formalização
da entidade.
Estávamos com cinco reabilitadoras
(Andréia, Heloísa, Sibele, Clarinda
e Ana Eugênia), que foram a
Recife aprender a metodologia. Recebíamos
crianças de várias partes
da cidade e até do estado.
O centro
foi crescendo com a divulgação, a realização
das reuniões. Todo mundo
procurava nos ajudar neste período
de implantação.
Fizemos um projeto pedindo o
financiamento dos aparelhos através
através
da FUNABEM. Os aparelhos
chegaram. Foi o grande ponto de
partida para nós que formávamos
o Centro. Firmamos até um convênio
com a Prefeitura.
Anos mais tarde, conseguimos o
terreno onde estamos até hoje, na
avenida Lima e Silva. A construção
durou 10 anos. Fizemos pedágio,
campanhas de arrecadação e tivemos
muitas colaborações, entre as
quais do ex-governador Garibaldi
Filho, do ex-prefeito Marcos César
Formiga e sua esposa Celina Marinho
e da ex-primeira dama do Estado
Ednólia Melo.
Convidamos dona Wilma, responsável
pela doação do terreno e
prefeita da cidade, para conhecer a
obra, que concluímos com a sua colaboração
e do Governo do Estado.
Isso tudo que vemos aqui hoje é resultado
de muita ajuda de pessoas físicas,
do Poder Público e de algumas
instituições. Foram muitas dificuldades,
mas também muitas conquistas,
entre as quais a implantação das cirurgias
para o implante coclear.
O SUVAG é um centro de saúde
auditiva que está de portas abertas
para crescer, para ampliar cada
vez mais o trabalho junto à população
que precisa de assistência.
A grande meta do SUVAG a partir
de agora é transformar o centro
em uma grande escola de aperfeiçoamento
profissional. Temos
condições de oferecer cursos como
o de linguagem de sinais.
Aliado a
universidades e cursos das áreas de
abrangência podemos ser um campo
riquíssimo de estágio e de qualificação
profissional. A instituição já
se tornou referência não apenas no
RN, mas em todo o Nordeste.
Sibele Morais de Macedo
Vice-presidente
Cheguei ao Centro SUVAG do RN um ano após
a sua fundação com o meu filho André Anderson
(3 anos) em busca de tratamento para ele. Lembro-
-me que fui entrevistada por Concilia. Para sentar
fui ao quintal da casa e peguei uma grade de
cerveja (antigamente as grades eram de madeira),
limpei e usei como tamborete.
Após a entrevista,
Concília me falou das dificuldades que estavam
enfrentando para formar a direção do Centro,
fazendo-me o convite para compor o Conselho
Fiscal. De imediato aceitei sem ter noção da responsabilidade
que iria enfrentar.
A nossa história é uma história de Fé, determinação
e coragem Mesmo sem "nada" enfrentamos as
dificuldades, os problemas e atropelos do cotidiano.
Hoje, ao constatar que o SUVAG alcançou sua
maturidade, percebo com alegria e um pouco de
orgulho que conseguimos muito mais do que um
simples tratamento de reabilitação de Audição e da
Fala para os nosso filhos, e os muitos filhos surdos
que por aqui passaram e que ainda estão por vir.
Nesses 30 anos, o Centro SUVAG do RN conquistou
o reconhecimento da sociedade. Nossa missão
não acabou, continuamos lutando para que as
pessoas com deficiência auditiva sejam reabilitadas,
auxiliando assim o seu processo de aprendizagem
e qualificação profissional que atenda às suas reais
necessidades, de forma a assegurar sua inserção no
mercado de trabalho com eficiência e eficácia, garantindo
sua empregabilidade e, consequentemente,
sua independência pessoal, econômica e social.
Estamos todos de parabéns!
A batalha foi vencida, mas a luta continua.
Concilia Maria Araújo de Britto
Tesoureira
O Centro SUVAG do RN surgiu da necessidade
de um grupo de pais que não tinham onde fazer tratamento
com deficiência auditiva. Procuramos ajuda
no Centro SUVAG de Pernambuco, que ofereceu
um curso para que pudéssemos enviar jovens interessados
em trabalhar com a pessoa surda.
Em 28 de agosto de 1981 fundamos o SUVAG do
RN com ajuda incondicional da comissão estadual do
Ano Internacional da Pessoa Deficiente, contando com
15 crianças e adolescentes. Funcionou na rua Ângelo
Varela, Tirol, em uma casa alugada por um pai.
Como funcionária da Secretaria de Trabalho e Assistência
Social - SETHAS, consegui disponibilidade para
me dedicar ao centro. Nessa época a gente conseguia
tudo na base da amizade. Os primeiros equipamentos
foram doados pelo Centro SUVAG de PE, mas era equipamentos
já antigos que não funcionavam bem.
Um convênio com a antiga FUNABEM possibilitou
a compra dos primeiros equipamentos. No início
tudo foi muito difícil. A inserção dessas crianças na
escola e na sociedade era uma luta diária, precisávamos
adentrar na sala de aula e mostrar que o surdo é
capaz e que tem apenas uma limitação.
Hoje, ao longo de 30 anos, realizamos todos os
exames necessários para o diagnóstico da surdez,
o que não acontecia no início, quando precise viajar
a São Paulo a fim de realizar o exame do BERA
em minha filha Cristtiane, que hoje, adulta, leva
uma vida normal: trabalha, estuda e dirige. Foi uma
criança que conseguiu falar e se comunicar graças à
reabilitação realizada no Centro SUVAG.
A boa adaptação do aparelho auditivo e o empenho
da família foram fatores fundamentais para o
seu crescimento biopsicossocial.