Diretores falam sobre dificuldades e conquistas ao longo desses 35 anos

Dr. Francisco das Chagas - Diretor Presidente

A trajetória do SUVAG RN, relato com muito amor, esperança e perseverança, com as benções de Deus.


Tudo começou quando foi diagnosticada uma surdez severa na minha filha Mônica.


Encaminhada pela otorrino Dra. Joaquina Fernandes a ir a São Paulo para que fosse submetida a um exame auditivo com mais precisão, feito na época com anestesia geral no Hospital das Clínicas.


Foi muito doloroso saber o diagnóstico e o tratamento indicado, pois aqui em Natal não contávamos com um centro de reabilitação auditiva.


Mônica deveria usar aparelhos auditivos nos dois ouvidos e fazer reabilitação com fonoaudióloga.


Em São Paulo, o médico japonês Ossamu Butugan disse: "sua filha tem uma surdez profunda". Comecei a procurar outras pessoas aqui que tivesse o mesmo problema.


Descobri um centro de reabilitação em Brasília e pensei até em me mudar de Natal para que minha filha se submetesse ao tratamento.


Na época, em 1976, aqui em Natal não havia um centro especializado para reabilitação de deficientes auditivos. Foi quando alguém me falou que em Recife havia um centro SUVAG. Eu comecei a frequentar duas vezes por mês.


Nessa época, Concília Maria Araújo de Britto, mãe de uma criança surda, também descobriu o problema de sua filha, Cristtiane. Foi quando a reabilitadora do SUVAG de Recife sugeriu que fundássemos um centro aqui em Natal.


Eu falei com o meu colega, Dr. Antonio Luiz de Medeiros, que intermediou uma visita a sua cunhada e Primeira Dama do Estado na época, Profa. Wilma de Faria.


Quando apresentei a idéia ela disse: "Pode começar que darei todo o apoio necessário". O pessoal de lá prometeu emprestar alguns aparelhos que a metodologia usa para que implantássemos em Natal.


No momento em que decidimos abrir o centro começamos a contar com a colaboração de muitas pessoas. Formamos o grupo e fomos estruturando a instituição. Iniciamos o trabalho, capacitando as primeiras pessoas da equipe.


Começamos com dez crianças, formamos a diretoria, com a grande ajuda do advogado Hélio Vasconcelos que nos orientou na parte burocrática para a formalização da entidade.


Estávamos com cinco reabilitadoras (Andréia, Heloísa, Sibele, Clarinda e Ana Eugênia), que foram a Recife aprender a metodologia. Recebíamos crianças de várias partes da cidade e até do estado.


O centro foi crescendo com a divulgação, a realização das reuniões. Todo mundo procurava nos ajudar neste período de implantação.


Fizemos um projeto pedindo o financiamento dos aparelhos através através da FUNABEM. Os aparelhos chegaram. Foi o grande ponto de partida para nós que formávamos o Centro. Firmamos até um convênio com a Prefeitura.


Anos mais tarde, conseguimos o terreno onde estamos até hoje, na avenida Lima e Silva. A construção durou 10 anos. Fizemos pedágio, campanhas de arrecadação e tivemos muitas colaborações, entre as quais do ex-governador Garibaldi Filho, do ex-prefeito Marcos César Formiga e sua esposa Celina Marinho e da ex-primeira dama do Estado Ednólia Melo.


Convidamos dona Wilma, responsável pela doação do terreno e prefeita da cidade, para conhecer a obra, que concluímos com a sua colaboração e do Governo do Estado.


Isso tudo que vemos aqui hoje é resultado de muita ajuda de pessoas físicas, do Poder Público e de algumas instituições. Foram muitas dificuldades, mas também muitas conquistas, entre as quais a implantação das cirurgias para o implante coclear.


O SUVAG é um centro de saúde auditiva que está de portas abertas para crescer, para ampliar cada vez mais o trabalho junto à população que precisa de assistência.


A grande meta do SUVAG a partir de agora é transformar o centro em uma grande escola de aperfeiçoamento profissional. Temos condições de oferecer cursos como o de linguagem de sinais.

Aliado a universidades e cursos das áreas de abrangência podemos ser um campo riquíssimo de estágio e de qualificação profissional. A instituição já se tornou referência não apenas no RN, mas em todo o Nordeste.


Sibele Morais de Macedo Vice-presidente

Cheguei ao Centro SUVAG do RN um ano após a sua fundação com o meu filho André Anderson (3 anos) em busca de tratamento para ele. Lembro- -me que fui entrevistada por Concilia. Para sentar fui ao quintal da casa e peguei uma grade de cerveja (antigamente as grades eram de madeira), limpei e usei como tamborete.


Após a entrevista, Concília me falou das dificuldades que estavam enfrentando para formar a direção do Centro, fazendo-me o convite para compor o Conselho Fiscal. De imediato aceitei sem ter noção da responsabilidade que iria enfrentar.


A nossa história é uma história de Fé, determinação e coragem Mesmo sem "nada" enfrentamos as dificuldades, os problemas e atropelos do cotidiano. Hoje, ao constatar que o SUVAG alcançou sua maturidade, percebo com alegria e um pouco de orgulho que conseguimos muito mais do que um simples tratamento de reabilitação de Audição e da Fala para os nosso filhos, e os muitos filhos surdos que por aqui passaram e que ainda estão por vir.


Nesses 30 anos, o Centro SUVAG do RN conquistou o reconhecimento da sociedade. Nossa missão não acabou, continuamos lutando para que as pessoas com deficiência auditiva sejam reabilitadas, auxiliando assim o seu processo de aprendizagem e qualificação profissional que atenda às suas reais necessidades, de forma a assegurar sua inserção no mercado de trabalho com eficiência e eficácia, garantindo sua empregabilidade e, consequentemente, sua independência pessoal, econômica e social. Estamos todos de parabéns!


A batalha foi vencida, mas a luta continua.

Concilia Maria Araújo de Britto Tesoureira

O Centro SUVAG do RN surgiu da necessidade de um grupo de pais que não tinham onde fazer tratamento com deficiência auditiva. Procuramos ajuda no Centro SUVAG de Pernambuco, que ofereceu um curso para que pudéssemos enviar jovens interessados em trabalhar com a pessoa surda.


Em 28 de agosto de 1981 fundamos o SUVAG do RN com ajuda incondicional da comissão estadual do Ano Internacional da Pessoa Deficiente, contando com 15 crianças e adolescentes. Funcionou na rua Ângelo Varela, Tirol, em uma casa alugada por um pai.


Como funcionária da Secretaria de Trabalho e Assistência Social - SETHAS, consegui disponibilidade para me dedicar ao centro. Nessa época a gente conseguia tudo na base da amizade. Os primeiros equipamentos foram doados pelo Centro SUVAG de PE, mas era equipamentos já antigos que não funcionavam bem.


Um convênio com a antiga FUNABEM possibilitou a compra dos primeiros equipamentos. No início tudo foi muito difícil. A inserção dessas crianças na escola e na sociedade era uma luta diária, precisávamos adentrar na sala de aula e mostrar que o surdo é capaz e que tem apenas uma limitação.


Hoje, ao longo de 30 anos, realizamos todos os exames necessários para o diagnóstico da surdez, o que não acontecia no início, quando precise viajar a São Paulo a fim de realizar o exame do BERA em minha filha Cristtiane, que hoje, adulta, leva uma vida normal: trabalha, estuda e dirige. Foi uma criança que conseguiu falar e se comunicar graças à reabilitação realizada no Centro SUVAG.


A boa adaptação do aparelho auditivo e o empenho da família foram fatores fundamentais para o seu crescimento biopsicossocial.